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YOKO NISHIO

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Itaguai, RJ - 1973

Vive e trabalha em Rio de Janeiro, RJ

Artista visual, Yoko Nishio, atua como professora adjunta da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ), instituição onde formou-se bacharel em Gravura (1996) e conquistou os títulos de mestre e doutora (2002 e 2014, respectivamente). Começou a investigar os temas ligados à violência em sua pesquisa de doutoramento, cujos objetos de análise são os desenhos e inscrições feitas em paredes de prisões e delegacias. A tese “Desenhos nas paredes prisionais: traços, riscos e percursos” foi defendida em 2014.

 

Atualmente, desenvolve três projetos de artes visuais: “Corpo Formoso”, “Praesidium” e “Enquadramentos de Bertillon”. É pesquisadora do NuVisu (Núcleo de Estudos Visuais em Periferias Urbanas), onde desenvolve o estudo “Pintura e materialidade: imagens da violência e do controle” e, ainda, tem diversos trabalhos publicados sobre as relações entre imagem e violência.

obras

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SÉRIE: CORPO FORMOSO

  

"(...) Corpo Formoso é o resultado de andanças, conversas, trocas e muita observação de pessoas e das ruas que a artista percorre, combinando memórias e histórias que apreende nesse processo. Interessa a Yoko a forma como homens e mulheres ornamentam tanto o corpo como os locais que frequentam. São muitos os acessórios utilizados na criação de identidades, todos associados à beleza, ao bem-estar, numa tentativa de produzir alegria e originalidade. Brincos, enfeites de cabelo, tatuagens, estampas, azulejos, grades, pisos são observados pela artista que os incorpora às suas obras criando diferentes cenários e ambientações. É o seu corpo que, andando, capta os ornamentos. É o seu olhar atento que entende a diversidade das cores, dos desenhos, dos ângulos mais harmoniosos. É a sua sensibilidade que percebe o ornar como uma forma de resistência, uma desobediência à normatização. (...)"

Isabel Portella, curadora

SÉRIE: INDEXADOS

Corpos assépticos, descarnalizados, digitais. Quando a presença física se torna um perigo, o corpo se recolhe numa quarentena permanente. O que nos resta é a oferta de imagens remotas que cintilam temporariamente em telas codificadas, esquadrinhadas e saturadas. A cada dia, trava-se uma batalha pela conquista de um espaço de atenção em um fluxo de espelhos virtuais que exacerbam o empreendedorismo narcísico. Subvertem, assim, a vida analógica, na qual ninguém se apresenta e se vê ao mesmo tempo. Assistimos e oferecemos recortes de tempo e imagens que o capital compra e redistribui, sem vínculo, pela rede. Assim, conectividade e precariedade se aliam, produzindo novos modos de trabalho, sociabilidade e imaginação. A pergunta que fica: serão esses corpos produtos de uma antropometria contemporânea?

SÉRIE: PRAESIDIUM

É uma expressão em latim que significa proteção, assistência e presídio

Em um mundo marcado pelo medo, cresce a indústria da proteção e com ela proliferam os dispositivos de vigilância e controle. A busca pela proteção e o sonho por monitoramento total não é recente, como sabemos. No curso da modernização da vida, torres de vigilância foram erguidas para disciplinar não só internos prisionais, mas também operários das fábricas, submetendo ambos a uma rotina planejada, dócil e ordeira. Hoje, os dispositivos de vigilância não apenas ordenam corpos e espaços como também os discriminam: instalados na entrada da loja ou nos condomínios fechados, seu propósito é remoção do risco, do aleatório, do imprevisível. Mas, perversamente, é também a exclusão dos indignos de crédito, dos ociosos e sem dinheiro. Assim, tais instrumentos de proteção produzem alvos de exclusão social e uma forte sensação de insegurança. Na dinâmica das grandes cidades todos são suspeitos. A cada esquina uma câmera de segurança nos aguarda. Sua presença não nos deixa esquecer de sentir medo, o que nos torna viciados em proteção. Sem saida, criamos diariamente dispositivos que tentam tomar suportável viver com medo.

 

Diante deste contexto, a série de estudos PRESIDIUM tem como foco a revisão da banalidade do controle, do medo e, principalmente, da violência expositiva da imagem. Longe da tradicional frontalidade das narrativas clássicas, e na contramão da pureza dos elementos pictóricos, esta série de pinturas busca o ponto de vista da máquina e a contaminação da pintura com o vídeo, a fotografia e a internet. Como um ready-made, a composição já está pronta. São as câmeras de segurança que organizam o cenário e a narrativa. E a autoria dessas imagens torna-se múltipla. Em contraste, como obra única, a materialidade da pintura redimensiona a trama de pixel e amplia o seu significado. Aqui, aposta-se na densa carga simbólica da pintura que, examinada há séculos por críticos e historiadores, pode nos emprestar uma outra visão sobre as imagens recentes.

SÉRIE: ENQUADRAMENTOS DE BERTILLON

As séries "Praesidium" e "Enquadramentos de Bertillon" dão visibilidade aos desdobramentos do medo, hoje encarnado no uso da imagem como prova de culpa ou inocência. A primeira série tem como foco a capacidade das câmeras capturarem o instante do delito, ou seja, o ato criminoso. Na segunda série, fazendo referência ao sistema de identificação policial criado pelo criminalista francês Alphonse Bertillon, no século 19, a documentação é sobre o próprio criminoso. Apesar das diferenças entre as duas séries, alguns elementos dialogam. A fascinação pela evidência da prova visual e pelo corpo como confissão de culpa. Assim como as constantes tentativas de escapar da vigilância através das novas máscaras urbanas: capacetes, gorros e bonés. E neste jogo de controle, identificação; e disfarce, o capacete torna-se um personagem ameaçador sob a mira dos pan-ópticos contemporâneos.