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PAULO VIEIRA

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ACHADOS E PERDIDOS
Curadoria: Mauro Trindade
22|10|25 - 22|11|25

A onipresença das câmeras e das telas digitais traz a impressão de que outros suportes e formas de circulação de imagens se tornaram obsoletos. É uma maneira precipitada de avaliar as coisas e que tem a ver com a ansiedade do nosso tempo, que nos obriga a mudar a cada momento. Num mundo onde nada tem permanência, qual seria o sentido de convivermos com objetos de longa duração, como livros, LPs, gravuras ou pinturas?  


A pintura, aliás, já “morreu” várias vezes. Num epitáfio muitas vezes atribuído ao pintor francês Paul Delaroche (“Hoje a pintura está morta!”) , ela já estaria nas últimas em 1839, quando a máquina fotográfica de Louis Daguerre alcançou sucesso mundial. E “a partir desse momento, a sociedade imunda se lança (...) à contemplação de sua imagem trivial sobre o metal. Uma loucura, um fanatismo...”, escreveu o poeta Charles Baudelaire anos depois. 


A pintura não apenas sobreviveu, mas se transformou e se multiplicou. Assistiu à chegada do cinema, foi decisiva por toda a modernidade, conviveu com a arte contemporânea e seus novos conceitos e materiais, ganhou fôlego nos anos 1980 e chegou ao século XXI dividindo espaço com o digital. Sua resiliência certamente não se deve a uma superioridade técnica ou histórica sobre outras mídias, a despeito de sua longa tradição no campo da arte e uma indiscutível capacidade de se reinventar. Mas talvez por se manter como um campo de experimentação que continua vivo e capaz de fazer frente ao imediatismo com seu tempo expandido.


Este é o espaço de Paulo Vieira, uma palavra que aqui está um tanto deslocada, pois os trabalhos desse artista não são propriamente “espaciais” ou tentativas de representação de um universo tridimensional sobre uma tela plana. Sua pintura se distancia da mimese, a despeito de uma técnica soberba que poderia muito vagamente ser chamada de realista. E tampouco é possível enquadrá-la no surrealismo, no simbolismo ou no fantástico, termos sem aderência com seu processo criativo e com suas preocupações estéticas. O rigor de sua produção se distancia do automatismo, enquanto questões esotéricas também são alheias ao exercício de clareza e concisão que realiza.
A pintura de Paulo Vieira não é ilustrativa da História ou da Crítica de Arte. Ela trata da própria pintura, um pensamento pictórico que não necessita de outros argumentos além de si mesma.

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