São Paulo, SP - 1973
Vive e trabalha em São Paulo, SP
Tinho inicia sua carreira na década de 80 integrando uma geração de artistas conscientes em assumir a produção da arte urbana como estratégia poética de reconhecimento, não apenas da própria cidade, mas assumi-la como linguagem, potente e equiparável às já tradicionais da história da arte. Sua produção que assume toda importância para a cena contemporânea brasileira, se mostra, junto a outros talentos da época, como precursora.
O artista, assim como muitos de sua geração, iniciam com o graffiti, utilizando a própria cidade como suporte. Posteriormente passa a usar a pintura, base da sua formação acadêmica, com mais ênfase, seguida por fotografias e instalações que tem como elementos centrais os personagens que o acompanham desde cedo. Seu trabalho é contextualizado pelo lugar do homem no espaço urbano, atravessado pelo constante clima ácido e crítico de personagens que escondem, por trás da estética amena, a constante solidão.
obras
VOCÊ É O QUE VOCÊ VESTE!
Na série “Você é o que você veste!” o foco recai sobre a identificação pessoal e a forma como cada indivíduo escolhe ser representado através de suas roupas. A pintura convida o observador a refletir sobre a liberdade de escolha e a autenticidade na maneira como nos apresentamos ao mundo. Ela nos lembra que nossas roupas são uma poderosa forma de comunicação e autoexpressão, permitindo que cada um se identifique da maneira que se sinta mais confortável e autêntico. É um convite para celebrar a diversidade e respeitar as escolhas individuais de cada pessoa na construção de sua identidade visual.
MARCAS DE PODER
Tinho pensa no boneco de pano como uma forma de afeto. Sua produção manual é feita com amor, usando como matéria-prima restos de tecidos, cultivando o reaproveitamento. Cada retalho representa uma vivência, uma experiência, uma representação do ser humano. Contrário à indústria, onde os brinquedos são produzidos em série, visando unicamente o lucro, fomentando o consumo excessivo e a descartabilidade. Esses bonecos, únicos e artesanais, são frutos analógicos do início deste milênio, que ruma para vida digital.
As pinturas da série "Marcas de Poder", trazem, no lugar dos retalhos de tecido, as grandes marcas de luxo, como: Vogue, Louis Vuitton, Chanel e Dior e outras como Nike, EA Sports, Tiktok, Globo, BBC, Nintendo, Banco Itaú, Ifood, Dell, Apple, bandeiras de nações, para construção de seus bonecos.
Nesta série, Tinho coloca de forma onírica seus bonecos de pano como protagonistas, e, de forma direta e objetiva, insere logos das grandes marcas estampadas no corpo destes personagens, trazendo à tona questões sobre construção social, símbolo de identidade e pertencimento em determinados grupos e formas de expressão.
Algumas questões são levantadas por Tinho: o que faz um indivíduo optar por determinadas marcas? Teriam elas esse poder de distinção? Como o desejo pelo consumo dessas marcas penetram de forma individual e coletiva? Como no mundo midiático e globalizado as marcas são símbolos de identificação? E, quando determinados grupos, até então subalternizados, passam a consumir essas marcas? Tinho traz ainda a identificação com o outro - o "eu" refletido no outro - e questiona a própria identidade do SER.
Longe de conseguir responder a essas perguntas, mas sim lançar luzes sobre o assunto, Tinho aponta para uma espécie de "máquina de replicação de comportamento", onde vemos indivíduos, muitas vezes, aderirem à marcas e modos de vida baseados em uma crença, quase uma "fé" na construção da identidade do produto de consumo, e mais, na distinção ou aceitação em determinados grupos. E é esta replicabilidade que pode ser observada nessa nova roupagem dos bonecos pintados pelo artista.
OS 7 MARES
Esta série foi tema de uma importante exposição em 2019/2020 no Paço Imperial, Rio de Janeiro. Ela é composta por 7 pinturas que retratam mares de objetos formadores do imaginário do artista. As referências incluem discos, filmes, livros, obras de artistas renomados, shapes de skate, brinquedos e moda. Os mares propostos por Tinho não são apenas externos, mas também internos. Fazem referência às suas vivências, aos seus repertórios imagéticos, lugares por onde ele navegou e navega até hoje. São mares de inspiração, seus próprios sopros. A série que para o artista é a realização de um sonho, se constitui como uma forma de agradecimento e homenagem a todos aqueles que alimentaram e continuam alimentando seu imaginário. É um olhar para trás, um olhar daquilo que o cerca diariamente, é síntese e eterna recorrência do seu repertório. É também o seu próprio fascínio diante de tais imagens. Os mares latentes em Tinho se apresentam aqui como um convite ao espectador para adentrar em seu universo de referências e entender como cada objeto influenciou sua formação pessoal e profissional.
Conhecer os 7 mares é conhecer o seu mundo!