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Rio de Janeiro, RJ - 1981

Vive e trabalha em Rio de Janeiro, RJ

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Nascido em 1981 no Rio de Janeiro, cidade onde vive e trabalha,  Bruno Miguel é formado pela Escola de Belas Artes da UFRJ no curso de licenciatura em Artes Visuais, com ênfase em pintura. Ainda como formação complementar, frequentou diversos cursos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage através do programa "Aprofundamento" e, desde então, leciona na mesma escola. Participa desde 2007 de exposições individuais e coletivas no Brasil e em países como EUA, Alemanha, Portugal, Turquia, Peru, Bolívia, Colômbia, Argentina e Chile.

 Além de convidado para diversas residências internacionais, suas obras integram importantes coleções institucionais e particulares, no Brasil e no exterior. Foi também curador de mostras individuais e coletivas em Londres, Rio de Janeiro e São Paulo.

Ao investigar a complexidade dos objetos de escala cotidiana, o trabalho de pesquisa de Bruno Miguel encontra sempre na domesticidade o meio necessário para a construção da imagem. Seja através da crítica ao consumo como elemento estrutural e fundador das dinâmicas sócio-políticas via colagem, seja na tridimensionalização dos processos pictóricos aproximando-se do campo ampliado das artes em Rosalind Krauss, a obra de Bruno frequentemente se apropria de objetos comuns, ordinários e reconhecíveis como suporte ou, até mesmo, como base, parâmetro e forma para composição. Em seu trabalho ressoam as relações humanas em sua maior intimidade - os ambientes privados e os objetos que os compõem são testemunhos claros de conflitos particulares e materiais concretos de sua construção identitária.

obras

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SÉRIE: A CRISTALEIRA

  

Na série "Cristaleira", Bruno utiliza a louçaria tradicional como ponto de partida para a composição de elementos que, através de justaposições intermediadas pela cor, desenham novas silhuetas.  Por meio de peças de família e louças adquiridas em leilões e lojas de antiguidades, levanta, portanto, totens da domesticidade. Na chave da antropologia crítica de Freud, sua obra pode ser lida como o arranjo da memória identificável e relacionável de um grupo, como indício de ancestralidade.

Série: A Cristaleira
2015 - 2016
Resina
de poliéster, tinta spray,vidro e cristal
Medidas variáveis

SÉRIE: TAPEÇARIAS

  

Em Darcy Ribeiro, a formação e construção do Brasil enquanto um Estado-Nação, parte do desejo e necessidade colonial de uma unificação fundada na aculturação, em grande parte forçada, das culturas aqui presentes, sejam elas originárias, sejam importadas por demanda escravagista ou de mão-de-obra barata, em prol do bem comum e do fortalecimento do Estado, cuja soberania se devia defender. Um dos métodos de sobrevivência das singularidades periféricas e excluídas é a manutenção de sua devoção ancestral, em especial àquela de matriz afro-ameríndia, neste caso, ilustrada por sua falange sincrética de berço carioca - a Umbanda.

A partir desses elementos, Bruno Miguel contorna e subverte os projetos de exclusão do Brasil oficial em nome de uma encantaria originalmente brasileira. Através da intervenção em tapeçarias de facção e motivos europeus (Gobeleins e Aubussons), o artista celebra a sofisticação do saber popular como um meio fundamental para a luta contra o racismo estrutural, o colonialismo e os projetos de branqueamento físico, espiritual, filosófico e artístico de parte da população através da sobreposição entre dois tempos - aquele gasto e surrado e outro de cores exuberantes e pertinentes à luz tropical.

SÉRIE: ESSAS PESSOAS NA SALA DE JANTAR

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Ainda apoiado sobre os elementos utilitários que compõem o cenário doméstico cotidiano, a série "Essas pessoas na sala de jantar" materializa o encontro entre diferentes gêneros da pintura: objetos comuns à montagem de cenas de natureza morta e elementos topográficos e naturais que compõem a paisagem. Assim, demonstra que o tempo (aquele em passagem) e o espaço (aquele ocupável) são os parâmetros necessários para a composição de cada singularidade. Ainda, reforça que mesmo dentro de um arranjo coletivo, o pacto coletivo garante toda e qualquer individualidade.

Série: Essas pessoas na sala de jantar
2015 - 2016
spray, porcelana fria, espuma de poliuretano, arame, resina acrílica e papel machê sobre porcelana comprada em leilão de antiguidades
Medidas variáveis

SÉRIE: O VAZIO QUE NOS CONSOME

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"O vazio que nos consome" surge da reflexão sobre a tridimensionalização da pintura, em aproximação com seu campo expandido, e do aprofundamento da natureza morta enquanto gênero tradicional deste suporte. Para tanto, Bruno utiliza embalagens vazias, coletadas durante um longo período e limpas após o consumo dos produtos que continham. A partir de então, traça um percurso investigativo sobre a sociedade de consumo global, onde qualquer ação deve adequar-se aos parâmetros estabelecidos pelo mercado. Dessa forma, evidencia o processo de criação do desejo e o acesso aos produtos e imagens globais - garantidas por sua fetichização.

SÉRIE: CECI N'EST PAS 

  

Dialogando com a história da arte, esta série de Bruno se apropria da afirmação do artista belga René Magritte na icônica obra “A traição da imagem”, onde lemos "Ceci n'est pas un pipe” (Isto não é um cachimbo). Da mesma forma que Magritte, Bruno Miguel busca metáforas presentes na representação realista de objetos comuns. As pinturas cobertas por uma reprodução hiper-realista de um plástico bolha, feito de resina de poliéster, foram compradas em leilões, repetindo procedimentos de apropriação comuns na arte contemporânea. Nestas obras Bruno foge das certezas afirmando a dúvida. O que seria exatamente esta obra? Não é uma pintura, não é uma escultura, não é plástico bolha, não é uma obra contemporânea... Além destas questões, podemos problematizar a discussão da autoria, da imagem e de caminhos de sedução no marketing, onde o mistério gera o desejo, estratégias comuns na sociedade de consumo.

SÉRIE: AUTOBIOGRÁFICA 

  

A partir da justaposição e da colagem de objetos pessoais, materiais gráficos publicitários e reproduções de obras canônicas da história da arte, o artista reflete sobre o processo de construção das contradições que formam a contemporaneidade. Neste processo, Bruno busca estabelecer relações geracionais que, a partir de um acúmulo memorial e imagético, aproximam-se intimamente do espectador e, logo, do sujeito da obra.